quarta-feira, 16 de março de 2011

Furacão

A vida é breve, mas cabe nela muito mais
do que somos capazes de viver.

José Saramago


A gente não vê quando o vento se acaba...
Guimarães Rosa



Sempre fui completamente doente por tudo aquilo que, de algum modo, é alheio ao meu mundo. Basta eu não ter tido a oportunidade de viver algo para me interessar. Histórias. Vida. Impulso.

E foi assim que a conheci. Lembro-me de seu sorriso. Único. Sua voz tocante, berrada, sorrindo. Não era uma voz, e sim um instrumento musical que a cada dia se aperfeiçoava. Nunca ligou pro que diriam ou deixariam de dizer. Se falariam bem, se falariam mal, ela brigava, gritava, falava sem medo, assumia seus atos e suas jóias falsas. No riso, na dor, era um furacão.

E num domingo cinzento, com uma garoa fina, daquelas que molham tanto quanto uma chuva torrencial, ela se foi. Sem despedidas, ela partiu. Hoje, comovida - como ficaria se estivesse presente naquela manhã antiga - percebo que era hora da menina ir. Este planeta, parece não comportar a sensibilidade. Mas todos sabem que, como queria, virou uma estrela. Não uma qualquer, mas uma das mais importantes. E até hoje, quando ouço, seja nas manhãs, tardes ou noites, e mesmo após tanto tempo, vejo que ela ainda vive.



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