quinta-feira, 17 de março de 2011

Doce.


Que o teu afeto me afetou é fato.
Caio Fernando Abreu



Suave como uma pluma e extremamente doce. Doce. Talvez essa fosse a melhor palavra que eu pudesse encontrar p'ra descrever aquela menina.

A primeira vez que a vi foi numa manhã qualquer em um lugar qualquer e, de imediato, achei que não nos daríamos bem. Mas o problema não era com ela. De meiguices, estava cansada; mas o pequeno sinal - que hoje interpreto assim - me mostrou que seria ao contrário. A mão.

Quem diria que, duas pessoas, de mundos diferentes, caminhos alternativos e extremamente opostas poderiam encontrar suas semelhanças no simples tamanho de sua mão. Mão. Aquilo que pode fazer gestos de carinho e ternura, mas também pode machucar.

E em tamanho, nossas mãos eram iguais. E se há algum momento em que pode-se dizer "tudo começou ali", eu digo "foi ali, aquele dia, aquela hora, aquele momento".

Piadas com o nome (claro) e futebol. Sim. Atrás daquela doçura, meiguice e encantamento, que é impossível fugir, descobre-se uma louca. Quase que fera. Ai daquele que atreva-se a falar de seu peixe. Peixe que estava destinada a ser. Desde o signo. Desde o sobrenome. Acasos do destino. Como diria o pai de Sancha, amiga de Capitu, esposa de Bentinho em Dom Casmurro "A vida tem mesmo destas semelhanças esquisitas". E eu, completamente entendida de história, política e futilidades, não entendia nada daquilo.

Quarta-feira. Quinta de manhã era o dia do aprendizado. E eu ouvia. Com gosto. Ouvia tudo que ela tinha a dizer sobre o jogo da noite anterior, jogadores e tudo mais. Aprendia.

Ela de mim, não sei se aprendeu muito. Talvez um pouco sobre a Segunda Guerra...talvez um pouco obre bipolaridade e tourette...talvez.

Seis meses. Cento e oitenta dias. Horas infinitas e absurdas. Foi o que passamos.

E o mesmo acaso do destino que nos fez encontrar ali, naquela segunda feira de verão, apenas unidas pelo acaso de ter as mãos com a mesma dimensão, tratou de separar-nos. E me fui.

Sinto. Falta, muita falta.

Das manhãs de quinta-feira. Dos trabalhos enlouquecidos. Da risada contagiante. Da maldade quase inocente, que cativa a todos que passem qualquer pequeno minuto ao lado dela. E mais da doçura de amizade que me proporcionou em poucos e singelos meses, os quais levo comigo. E lembro. Ah, sempre lembro.

Seja feliz, menina encantadora que praticamente saiu dos contos de fada!

O que houver de melhor nesse mundo é pouco p'ra tudo aquilo que você merece.



Com amor,


Wendy

Um comentário:

  1. *------------*

    Sabe, Wendy... Nós duas sermos amigas hoje foi uma obra do destino. Pensa. Nós somos diferentes em tudo, quase opostas. Cada uma mora em uma extremidade do 856R e não estava nos nossos planos cursar a Anhembi Morumbi. Caímos de paraquedas nessa história. E como você disse, assim como se fez, se desfez, em seis meses você tinha nos abandonado, mas como diz o poeta Chorão "o que é bom dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível". Eu sempre fui desconfiada e introspectiva, criar laços e amizades pra mim sempre foi muito difícil e com você tudo aconteceu muito facilmente.

    Obrigada pelo texto. Agradeço cada palavra. Acho interessante como você aprendeu a me conhecer nesse pouco tempo. Fora o que eu sempre digo: amo a forma como você escreve. Nunca perca isso, é sua marca.

    Não sei dizer se aprendi com você algo sobre o alemão bigodudo ou sobre ditadura; só sei que eu aprendi a te admirar pela forma de ser, sobre como você trata esses assuntos que pra mim não fazem sentido, fazendo tudo parecer tão fácil. Eu conheci o seu lado boazinha, por mais que você se faça de malvada, você é como um ser angelical.

    Estou morrendo de saudade! Não esquece que a gente existe! Você sabe o caminho pra Anhembi e sabe nossos horários também! Aparece pra fazer uma surpresinha, não sou só eu que sinto sua falta.

    Beijo :*

    E tudo em dobro pra você. Obrigada por tudo. Love you.

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