segunda-feira, 28 de março de 2011

Força

Nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos.

Somente através das amizades é que podemos criar a ilusão, durante um momento,

de que não estamos sozinhos.

Orson Welles

Os pequenos atos de cada dia fazem o desfazem o caráter.

Oscar Wilde


Foi a primeira pessoa que vi quando entrou. Alta e imponente, andou e sentou ao meu lado e com cara de poucos amigos, não disse uma palavra. Nem um pequeno sorriso que fosse. Nada. E, certamente, não foi ali que conversou, apesar de ter sido ali que as semelhanças apareceram.


Logo, descobri sua história.


Largara a faculdade por incompatibilidade. Na verdade, entrara já sem saber porque. Que bombas que nada, seu maior terror eram as crianças. Estes pequenos seres maldosos, mentirosos, pequenos e extremamente carismáticos a aterrorizavam até os ossos. Crianças. Acredito que ela terá doze. Doze pequenos seres correndo em volta desta mãe que mais parece uma amazona. Não em volume, mas em tamanho.


E eu, que perdera todo o sentido da palavra amizade em pouco tempo, (re)aprendia ali todo o seu sentido e significado. Sinceridade. Explosão. Bipolaridade. Ela era uma mistura estranha de tudo aquilo que...eu via. Sim, via em mim. E de uma forma muitíssimo esquisita, me sentia como num filme ou num sonho maluco daqueles em que você se vê tomando algumas atitudes e fazendo algumas coisas. Era ela. A parte que eu havia guardado dentro de mim e que manifestava aos poucos. E era real. Extremamente real e aos poucos, se tornava uma parte de mim.


E de tão rápido que o mundo gira, a menina quieta, séria que sentou-se por infortúnio do destino ao meu lado naquela manhã virou minha amiga. Sim, amiga. Não tenho medo de dizê-lo mais. Amiga daquelas que se sabe que pode contar até no breu da madrugada. Eu sabia que ela estaria lá se eu precisasse. Como sabia? Porque se ela precisasse, eu estaria lá, por ela. E como tudo na vida, já dizia Bentinho, devemos atar as duas pontas. Aquilo que fui com aquilo que seria...e parti.


Talvez até hoje ela não saiba, mas foi ela quem me fez forte para seguir, sem medo, outros caminhos escuros. Caminhos aqueles que a gente segue sem saber no que vai dar, sem saber o que esperar. Fui. Sem medo. Sem medo porque ela me ensinou assim, a não temer o desconhecido. Bravura. Força. Tudo dela que levei comigo. Em fato, a última vez que fiz o caminho, percebi que levei mais. Era uma parte dela que se apoderava de mim, de modo que eu podia. Poder. Saber. Vontade. Medo que eu não tinha mais.


E quando me falta algo, lembro da figura da menina quieta, aparentemente tímida, mas extremamente forte e assim, sigo em frente. Em seis meses, recuperei todas as partes de mim que faltavam. Especificamente 2 Rs e 2 Ts. Recuperei tudo. A fé (Tábata). A força (Tais). A doçura (Rejane). E a perseverança (Rebeca). Em fato, acho que nunca disse isso, mas queria que soubessem o quão elas me fizeram me (re)encontrar de novo. Hoje, pouco mais de um ano de toda essa mudança, devo agradecer.


Agradecer aquela quente manhã de fevereiro, em que a menina calada e séria sentou-se ao meu lado sem dizer uma palavra. Agradecer as tardes de conversas, aos abraços, risadas e sorrisos matutinos. Não apenas hoje agradeço, mas todos os dias. E a menina quieta, calada, séria e com olhar de falcão, me causa cada dia mais e mais e mais e mais orgulho.


Todo o amor, fé, felicidade e força. Muita força. Força daquela que você me passou e me ajudou a seguir em frente, sem temer a escuridão. Quando precisar, saiba que há alguém aqui, que mesmo longe, você pode contar. Te amo.



Com afeto,


Wendy Candido


São Paulo, 28 de março de 2011. 16h 45

4 comentários:

  1. Simplesmente amei o seu texto, de tanto sentimento e profundidade.
    Eu tive o privilégio de assim como você conhecer essa pessoa magrelinha e especial, mas uma graça. Na realidade, ela foi a primeira pessoa que eu conheci na nossa sala. É muito bom ter mantido essa amizade. Acredito que perdurará por anos, décadas, séculos e na verdade será eterna.

    Obs.: Eu sei que um dia, não tão distante assim...ela encontrará alguém especial e se casará e terá os 12 filhos! rs

    Beijos

    Rebeca Rodrigues

    ResponderExcluir
  2. HUAHUAHUAHAU! Também acredito fielmente na ideia de que ela terá doze filhos, Beca.
    Essa coisa de que não quer casar é tudo fachada!
    HUAHAUHAUHAU!

    Ai, ela é tão magra...um dia, serei magra como ela!

    (:

    ResponderExcluir
  3. Me emocionei muito, viu?
    Você é fantástica e não posso dizer nada além de constatar que o que sou é tudinho que tem dentro de você. Somos uma só, Limãozinho. Amei o texto e amizade é valiosa pra mim, todas vocês vão morrer no meu coração, amo muito!

    ResponderExcluir
  4. Ah, sua gracinha!
    Apesar dos pesares (e de todos os meus "furos" nos rolês) eu amo muito vocês e sinto falta demais, demais, demais!

    ResponderExcluir