domingo, 9 de janeiro de 2011

Good Lucky!

Sim, havia muitas coisas alegres
misturadas ao sangue.
Clarice Lispector

Como é que eu podia saber que aquelas
rosas eram carnívoras?
C. Fernando Abreu


E, na verdade, não era a vida que a assustava e sim a morte. A ideia que de tudo poderia simplesmente acabar de repente e de um corpo cheio de sonhos, adrenalina, receio e vontade, se tornar um corpo em putrefação em baixo da terra.
Mas um dia, simplesmente acordou e perdeu. Perder. É uma palavra tão dura e nunca nos damos conta de que algumas coisas podem fazer falta e você só nota que elas fazem falta quando não estão mais ali. E ao perder, mudou; sem perceber e ao mesmo tempo percebendo.
A vida era essa e agora ela vivia destemida; cansada de gente chata, careta. Descobriu que só quem se mostra se encontra, por mais que se perca no caminho...
E agora, ela ansiava por percorrer cada centímetro desse caminho e sentí-lo inteiramente, poder degustá-lo como a uma torta de limão, que ao mesmo tempo em que é doce, também é amarga.

"E eu vou jogar aos céus meus braços
e não olhar mais p'ra trás."
N. Altro

E agora ela iria "para a vida" sem temer o amanhã. Fecha os olhos, sente a brisa e se entrega...pela primeira vez, em muito tempo, não se preocupava e nem temia o amanhã; apenas esperava. Que seja doce!

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