segunda-feira, 1 de novembro de 2010

balanço

Eu era como uma criança em um balanço, tomada de um frio na barriga que me fazia querer parar, descer, desistir; ao mesmo tempo em que me impelia a continuar de todo jeito. E era sempre assim. Uma angústia que só se repetia enquanto o balanço descia - e que era esquecida logo que ele voltasse a subir. No entanto, não me preocupava descer do balanço, porque sabia que ele continuaria ali, e que sempre haveria muitos balanços no mundo.
Saí da escola, então. Deixei o antigo balanço para subir em outros - maiores, coloridos, fascinantes. Por muito tempo, ocupei-me com aquela sensação de paixão e pavor, sem dar conta de que era ela que me prendia à vida (e não o brinquedo em si).

Até que um dia me cansei do balanço e segui em busca de um novo tormento.

Amei, enfim.

Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou

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