terça-feira, 19 de abril de 2011

Arrastando correntes

Sei que somos jovens e que tudo vai passar...

N. Altro


É esse gelo por dentro que eu não consigo entender.

Caio F.



Atravessou a rua como se fosse agosto, talvez porque este era o mês que, mesmo sem saber porque, sempre esperava. E de maneira rápida, correu por entre os carros da avenida, sem medo de morrer ou de que algo acontecesse...correu, desviou, respirou. Enfim, o ar.


Encostada no pequeno murou, parou e tentou aquecer as mãos umas nas outras de maneira rápida e suave, porque a sensação era de que o inverno chegara em pleno mês de março. São as águas de março fechando o verão...


Ao lado, o eterno tatuado com sorriso simpático. À frente as pessoas que corriam, apressadas, com rumo, sem rumo, desesperadas no caos que engolira aquilo que elas insistiam de chamar de vida. A vida é definitivamente uma ópera e vivê-la em doses homeopáticas não fazia o mínimo sentido que fosse. Era o que pensava.


Mas, a diferença entre o pensar e o fazer é o grande abismo que há. Abismo daqueles em que se ouve o grito da queda por minutos incessantes. De repente, tudo se perdeu em uma grande fumaça que tornaram o dia ainda mais acinzentado. Entrou no prédio e subiu. Porque tinha que subir. Porque chegara a hora. E mais uma vez, deixou-se levar pelo ritmo da voz, dentro da melodia monótona, angustiada, perplexa e repetitiva. Seguia seus instintos. E só.

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