sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Agosto...

Último gole.
Outro Agosto.
Quatro meses e o ano se foi...
Ainda tenho sede.
Olho pela janela e ainda não sei pelo que estou esperando.
Mas olho.
Continuamente.
E espero.
Sempre espero.
Me canso cada vez mais rápido de lugares e pessoas.
As risadas de um dia simplesmente não funcionam no dia seguinte.
E nunca são o bastante.
Os anos são cada vez mais curtos.
O passado fica cada vez maior.
O vazio não se cansa.
Corre de um lado para o outro dentro do corpo.
Gritando feito um demônio enlouquecido.
Acordo no meio da noite.
Ando perdido pela casa.
Independente de qual ela seja.
A qual época pertença.
É sempre a mesma coisa.
Mas preciso de cada vez mais álcool pra esquecer.
De cada vez mais motivos pra lembrar.
As noites continuam longas.
Os programas de TV terríveis.
Os canais são sempre os mesmos.
Os artistas são como cachorros bobos tentando distrair sua atenção.
E a gente sabe do quê, mas finge não entender.
Tenta ver o bonito.
Galãs viram tios ou pais.
Depois viram avôs ou velhos engraçados.
E não vemos a decadência.
O espelho de carne que são dos que seguram os controles remotos.
Envelhecemos com eles.
E com tudo a nossa volta.
E os bebês chegam, crescem e não dão a mínima.
Tento errar menos, mas sei que é inútil.
Decepcionar menos.
Mas sei que é tarde.
Não vai acontecer.
Eu não consigo.
Eu tento ser alguém melhor.
Mas eu não consigo.
Viro a garrafa vazia.
Últimas gotas.
Quase 38.
Quatro meses e outra garrafa de cidra barata.
Outro começo de outro fim.
Outro piscar de olhos e outro Agosto.
Mas ainda estou esperando.
Não sei pelo que.
Mas ainda estou.

3 comentários:

  1. Que texto Wendy,lindo demais! Escrevee muito essa menina,jornalistaa! =] beeijão

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  2. Parabéns! Me faltam palavras, mas te garanto que a emoção desse texto me foi fundo ao peito. PARABÉNS

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